Friday, December 28, 2007

Cavaco "branco como a cal"

Eu ainda tentei, juro que ainda tentei não pôr esta notícia no blog... mas não consigo resistir. O original está aqui. Em baixo transcrevo as partes mais importantes:

Cavaco Silva ficou "branco como a cal" quando, em Junho de 2004, soube da partida do então primeiro-ministro, Durão Barroso, para a Comissão Europeia. "Mas isso significa entregar o País a Santana Lopes e a Paulo Portas...!", exclamou o agora Presidente da República. (...) "A estranheza de Cavaco era total, a aflição pior. Saiu dali subitamente envelhecido", revela a jornalista, acrescentando ter ainda testemunhado o "grau de total ignorância em que se encontrava o antigo primeiro-ministro sobre os ideiais europeus do seu antigo pupilo".

Diário de Notícias

O blog pessoal do visado pode ser encontrado à vossa direita na secção "Cantinho do Disparate". Agora, mais do que nunca, a designação parece justificada.

Thursday, December 27, 2007

El sueño de la razon...

Saturday, December 22, 2007

O Problema da Educação

"I taught for thirty years in some of the worst schools in Manhattan, and in some of the best, and during that time I became an expert in boredom. Boredom was everywhere in my world, and if you asked the kids, as I often did, why they felt so bored, they always gave the same answers: They said the work was stupid, that it made no sense, that they already knew it. They said they wanted to be doing something real, not just sitting around. They said teachers didn't seem to know much about their subjects and clearly weren't interested in learning more. And the kids were right: their teachers were every bit as bored as they were."

John Taylor Gatto


Se ignorarmos o tom por vezes excessivamente revolucionário e as ocasionais incursões nas sempre suspeitas teorias da conspiração, conseguimos perceber que o senhor até tem razão. Para mim o mais notório é quando refere que os modelos actuais de educação básica são essencialmente desenhados a partir do modelo vigente na Prússia germânica, que eventualmente foi adoptado por um senhor alemão bem conhecido de todos nós. Independentemente de se acreditar nisto ou não (explico mais abaixo porque é que isto faz efectivamente sentido), penso que é bastante notório que os modelos escolares actuais apenas surgiram com a chegada da revolução industrial. Era preciso que os potenciais empregados tivessem um mínimo de formação para conseguirem executar alguns dos trabalhos mais "complicados" que estavam a ser criados nas fábricas, mas mais importante que isso, que tivessem uma forma de pensar e agir o mais padronizado possível. No final de contas um empregado imprevisível é sempre um mau empregado. E penso que é aqui que o senhor acerta na "mouche".

A escola é uma seca!!! Mesmo os miúdos mais certinhos e bem comportados eventualmente acabam por se descair e dizer isso mesmo. Mas ainda mais importante é o ciclo vicioso que se cria. Do mesmo autor:

"Boredom is the common condition of schoolteachers, and anyone who has spent time in a teachers' lounge can vouch for the low energy, the whining, the dispirited attitudes, to be found there. When asked why they feel bored, the teachers tend to blame the kids, as you might expect. Who wouldn't get bored teaching students who are rude and interested only in grades? If even that. Of course, teachers are themselves products of the same twelve-year compulsory school programs that so thoroughly bore their students, and as school personnel they are trapped inside structures even more rigid than those imposed upon the children. Who, then, is to blame?"

Ele refere-se ás escolas de Manhattan, mas exactamente o mesmo se poderia dizer das escolas Portuguesas. Uma incursão à minha antiga escola secundária (que é reconhecida como uma escola boa e com elevadas taxas de sucesso) para propor um projecto diferente para a área escola, revelou-me um cenário em tudo idêntico ao descrito no texto... sem tirar nem pôr! Quanto à pergunta de quem é a culpa, o autor responde que é de todos nós. De todos aqueles que fazem parte da estrutura (professores, pais, sociedade em geral) e que se deixam consumir pelo tédio e pelo queixume, e não tentam encontrar formas alternativas de ensinar, de cativar os alunos, de efectivamente transmitir algo de estimulante. Podemos ter o melhor sistema de ensino do mundo (e no caso do Ensino Superior em Portugal em teoria é dos melhores da Europa) mas são as pessoas que aplicam o sistema que definem a sua eficácia, e não a qualidade conceptual do mesmo. E actualmente é mesmo urgente mudar o sistema. É verdadeiramente tenebroso ler a interpretação que ele faz das principais directivas do criador e principal executor do método de ensino actual. Para não alongar ainda mais este "post" vou por apenas aqui dois que são representativo do espírito do senhor:

"1) The adjustive or adaptive function. Schools are to establish fixed habits of reaction to authority. This, of course, precludes critical judgment completely. It also pretty much destroys the idea that useful or interesting material should be taught, because you can't test for reflexive obedience until you know whether you can make kids learn, and do, foolish and boring things.

5) The selective function. This refers not to human choice at all but to Darwin's theory of natural selection as applied to what he called "the favored races." In short, the idea is to help things along by consciously attempting to improve the breeding stock. Schools are meant to tag the unfit - with poor grades, remedial placement, and other punishments - clearly enough that their peers will accept them as inferior and effectively bar them from the reproductive sweepstakes. That's what all those little humiliations from first grade onward were intended to do: wash the dirt down the drain."

Espero sinceramente que o John esteja errado e a exagerar fortemente, mas a verdade é que é fácil encontrar uma relação entre o que se passa actualmente nas escolas e aquilo que ele diz.

E porque é que me lembrei disto? Por causa de comentários feitos por certas personagens políticas como "Temos que desmistificar o dogma da escola inclusiva" e que "a resposta a esse problema (insucesso a matemática) não pode ser... dizer que a matemática é fácil e divertida". De facto esta ideia de que a escola deve ser rigorosa e seleccionar os melhores chumbando e segregando os piores vem de um outro conceito muito em voga no início do nosso século e que ficou conhecido como Eugenia. Esta ideia até era interessante, não fosse o pequeno pormenor de ser completamente estúpida e baseada em interpretações "ligeiramente" desviadas de um conceito introduzido por um Inglês metódico, bastante reservado e um pouco dado à hipocondria. A introdução do conceito de eugenia no mundo deve-se, não a um qualquer general alemão com a mania das grandezas, mas sim a um aristocrata inglês com a mania que era esperto (que curiosamente era primo do hipocondríaco). A aplicação de políticas eugénicas pelo mundo fora também não se deve a nenhum alemão, mas sim a um advogado americano cujo bisavô provavelmente nunca deveria ter nascido. Ele escreveu um livro com o título fantástico de "The passing of the Great Race", onde defendia que os povos europeus nórdicos eram superiores a todos os outros. Não será de espantar então que o tal alemão de que falei no início tenha escrito pessoalmente ao advogado a dizer que o livro "The passing of the Great Race" era a sua bíblia. E esta hein?!

Curiosamente, o tal advogado foi também um dos impulsionadores do movimento ambientalista moderno, e ao que parece as duas correntes (ambientalismo e eugenia) não eram propriamente independentes em termos morais, mas isso é outra história.

E para melhorar ainda mais as coisas, sai este estudo. A cereja em cima do bolo! A sério, o pessoal tem mesmo que começar a juntar as peças e a pensar neste problema de forma um bocadinho menos leviana.

Conclusão, o problema da educação é complexo, e soluções eficazes terão que naturalmente passar um pouco pela melhoria da qualidade da classe profissional do ensino (professores e técnicos), uma melhor gestão financeira das instituições (escolas e direcções regionais da educação), um mais eficaz programa educativo que cative os alunos e ao mesmo tempo lhe ensine alguma coisa de útil e saudável. E claro está, que os encarregados de educação têm também que estar sensibilizados para a importância do seu papel em todo o processo. No entanto, de cada vez que se discutem todos estes assuntos atacando o dogma da escola inclusiva, elegendo a exigência e rigor da avaliação como solução, culpando a suposta indisciplina dos alunos, é importantíssimo não esquecer que o sistema actual foi fundado com princípios discriminatórios e que pouca preocupação tinham com a dignidade e enriquecimento da natureza humana.


Wednesday, December 19, 2007

Pessoa do Ano 2007




"TIME's Person of the Year is not and never has been an honor. It is not an endorsement. It is not a popularity contest. At its best, it is a clear-eyed recognition of the world as it is and of the most powerful individuals and forces shaping that world—for better or for worse. It is ultimately about leadership—bold, earth-changing leadership. Putin is not a boy scout. He is not a democrat in any way that the West would define it. He is not a paragon of free speech. He stands, above all, for stability—stability before freedom, stability before choice, stability in a country that has hardly seen it for a hundred years. Whether he becomes more like the man for whom his grandfather prepared blinis—who himself was twice TIME's Person of the Year—or like Peter the Great, the historical figure he most admires; whether he proves to be a reformer or an autocrat who takes Russia back to an era of repression—this we will know only over the next decade. At significant cost to the principles and ideas that free nations prize, he has performed an extraordinary feat of leadership in imposing stability on a nation that has rarely known it and brought Russia back to the table of world power. For that reason, Vladimir Putin is TIME's 2007 Person of the Year."

Tuesday, December 11, 2007

E para o Rodrigo relembrar a sua infância...

Dueto

O que é que acontece quando um dos mais originais compositores de jazz se encontra com um dos mais originais improvisadores de jazz? Isto que podem ver aqui...

Monday, December 10, 2007

Daniel Rivera (?)

Eu não fazia ideia de que existia um pianista chamado Daniel Rivera com alguns vídeos no YouTube e um repertório que inclui Rachmaninoff, Stravinsky, Liszt, Bartok e outros menos badalados como Rodrigo Asturias.
O melhor de tudo é que algumas das suas interpretações estão disponíveis no seu site pessoal em mp3, aqui (na secção suoni).
Vale a pena investigar.

Sunday, December 09, 2007

Colbert

Lanting

RV589

Saturday, December 08, 2007

Karlheinz

Monday, December 03, 2007

Ocean Warriors

The navigator sticks his head up and says "Iceberg on the bow, one mile.". You are sailing under spinnaker at more than 20 knots, so you only have about three minutes to get the yacht around it. It's snowing and there's only 400 yards of visibility, so we're navigating by radar. I need to know if I should go to the left or to the right to miss it. The navigator comes back up and says, "It's on the starboard bow", then disappears. He reappears to say, "Second iceberg on the port bow, half a mile".
I'm saying, "You are kidding me. Is this the same iceberg? Are they joined? Could this be the one iceberg with two peaks? What's the gap between them?". It's then too late to go either side. We've got a 'berg to the left and a 'berg to the right and we're going through the middle.
One of the younger crew turns around and says, "What if they are connected?".
I look at him and say, "Then we're going to die.".

Gordon Maguire - Watch Leader, Team News Corp


Não deve haver ninguém que não goste de desporto, seja ele qual for. O que nos atrai no desporto é acima de tudo o esforço em superar-se constantemente, tentar quebrar os limites, e fazê-lo ao mesmo tempo que se tenta ser melhor do que outros que tentam o mesmo esforço ao mesmo tempo. Infelizmente, poucos desportos preenchem estes dois conceitos, pois ou são de certa forma enevoados pelas compensações monetárias chorudas aos participantes, ou não existem grandes limites para ultrapassar.

No entanto, existe um desporto e uma competição em particular que representa o paradigma destes conceitos, competição e ultrapassar limites. Na Volvo Ocean Race 11 pessoas fecham-se dentro de um veleiro de 60 pés de comprimento e circunavegam mais de 32000 milhas náuticas à volta do mundo durante cerca de 9 meses. No interior existe pouco mais espaço do que o necessário para acomodar metade da equipa deitada. A comida é racionada ao limite, e os velejadores perdem vários quilos durante o processo. Os bens pessoais que cada um leva a bordo são extremamente limitados, e até os cabos das escovas de dentes são cortados de forma a minimizar o peso. À espera deles estão as condições meteorológicas mais adversas que podem ser encontradas num dos ambientes mais hostis para a nossa espécie. É proibido equipar os barcos com pilotos automáticos, pelo que tem que estar sempre alguém ao leme... conclusão, são 24 horas por dia, 7 dias por semana a velejar nas condições mais extremas que se podem imaginar. No final, a equipa vencedora ganha isto...

É verdade. Uma taça! Não há um único tostão para qualquer membro da tripulação, nem para qualquer patrocinador. O sustento durante a regata é garantida pelos patrocinadores, que por sua vez apenas ganham a publicidade resultante de se associarem a esta regata. Actualmente, a VOR é um evento bastante mediático (embora em Portugal passe perfeitamente despercebido) mas nem sempre foi assim, e a ideia nasceu de uma aposta feita a beber uma cerveja num pub inglês no início dos anos 70. Em 2008/2009 terá lugar a 10ª regata VOR e novamente, os vários participantes enfrentam a fúria dos elementos, onde a morte é um final não tão pouco provável quanto isso (já vários velejadores morreram durante a VOR).

No entanto, há também a adrenalina de velejar a perto de 40 nós, em ventos que podem chegar aos 60 nós em ondas de 30 metros de altura. Lembram-se daqueles malucos que surfam nas ondas gigantes do Hawaii? Agora imaginem fazer isso a milhares de milhas de terra, com ventos ciclónicos, num dos veleiros tecnologicamente mais avançados do mundo. A expressão "desporto radical" ganha um novo significado!

Que não fiquem dúvidas, a Volvo Ocean Race é o evento desportivo mais duro e mais perigoso do mundo. Quem participa nele não regressa o mesmo e fá-lo apenas pelo prazer de dizer que o fizeram, que chegaram ao fim, e quem sabe, que o fizeram mais rápido que todos os outros. Que os caros leitores não encarem isto de ânimo leve, e para terem uma ideia fica aqui uma amostra do que se passa lá no meio do mar.