Thursday, April 05, 2007

Anita vai à Suíça fazer o estágio final de curso

Foi desde tenra idade que a minha geração aprendeu a apreciar as desventuras de "Anita"... no circo, na farmácia ou no parque infantil, "Anita" e o seu savoir-faire marcou toda uma geração.
"Anita no mini-mercado" (só para vos dar um exemplo) foi para mim uma espécie de grito de emancipação da petiz. Quando temos sete anos valorizamos muito mais estes actos que hoje em dia já parecem fazer parte do normal quotidiano de todos nós.
Mais tarde, mantendo-me fiel ao ultra-realismo que descobri em "Anita" não alterei muito os meus hábitos de leitura...deixei-me contaminar por Balzac, confesso que pisquei o olho ao naturalismo de Zola e comprei uma colectânea de Harvey Pekar. Estes autores são por assim dizer razoaveizinhos...Bem sei que alguns críticos falam de Flaubert como se ele representasse o zénite do estilo realista mas ninguém até agora parecia ter atingido o estilo cru praticado em "Anita".
Até que ontem mais uma vez, os pilares deste estilo literário voltaram a abalar-se para dar lugar ao nascimento de alguém que finalmente conseguiu não só preservar mas superar o estilo de "Anita".
A autora brinda-nos com uma escrita crua que nos faz por vezes corar ou simplesmente engolir em seco.

"Voltei para casa, comi um prato de Cerelac e voltei a sair pois ia à missa às 20h..."

Este tipo de passagens satirizando o clericalismo exacerbado instalado na nossa sociedade é bastante comum. Apesar de subtil, a autora imprime o tom subversivo ao insinuar que alguém seja capaz de deglutir a bolachinha do senhor mesmo após ingestão apressada de consistente papa Cerelac.

Outras pérolas podem ser encontradas nesta escrita que, aparentemente descuidada, mascara bem a cuidada elaboração mental que lhe está subjacente.

Para terminar, deixo-vos com alguns excertos de um texto de cariz evidente...

"Lembram-se da francesa que eu conheci no 1º dia...Apareceu finalmente na residência ...quando eu estava a fazer o jantar. O nome dela é Ratiba, tem 21 anos e esteve na residência da irmã.
...abri e deparei-me com uma rapariga cuja primeira coisa que me pergunta é se falo alguma coisa de francês. Pois bem, é verdade, mais uma francesa! O nome dela é Estelle, tem 24 anos...A Ratiba vive no C 711 e a Estelle no C 710 (portanto mesmo ao meu lado). Simpatizo com as duas, pode ser que nos tornemos amigas..."

Para que todos se possam certificar desta autêntica pedrada no charco em que se havia tornado o ultra-realismo aqui fica o link para o blog...

5 Comments:

Blogger rack said...

só tu.

1:11 AM  
Blogger maria 3a said...

só tenho uma coisa a dizer: LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL
maria teresa

4:22 PM  
Blogger juicebox said...

(vénia)

11:04 PM  
Anonymous Anonymous said...

HAHAHAA

mt bom rodrigo, bem apanhado :)

3:56 PM  
Blogger polvicia said...

Lol...ultra-realismo para rir ou para deprimir???

1:36 PM  

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